O lugar do CRI na Educação Inclusiva em Portugal
Se até aos anos 70 em Portugal a oferta educativa para crianças e jovens com deficiência era escassa, a partir desse período assistiu-se ao surgimento de estabelecimentos de educação especial, criados por cooperativas e associações de solidariedade social, destinados à educação de crianças com deficiências e/ou incapacidades. Este foi um dos grandes passos do movimento em direcção à escolarização de TODAS as crianças, que não podemos nunca esquecer.
A partir daqui, tornou-se possível a discussão à volta dos conceitos de exclusão, segregação, integração e inclusão (entre outros) e a criação de modelos educativos para a acompanhar. As escolas de ensino especial, outrora pioneiras na implementação do direito à educação de todas as crianças, deixou de ser a resposta “certa”, independentemente de ser ou não a melhor resposta num determinado momento ou numa determinada região ou para uma criança específica. A resposta “certa” passou a ser a escola regular sempre. E a isto passou a chamar-se de escola inclusiva.
As escolas de ensino especial converteram-se em Centros de Recursos para a Inclusão que, a partir de 2008, surgiram como corolário político do movimento em direcção a uma escola inclusiva, em que todas as crianças e jovens crescem em conjunto, aprendem em conjunto e aprendem a viver em conjunto.
Os Centros de Recursos para a Inclusão, ou CRI como habitualmente são chamados, são estruturas da comunidade acreditadas pelo Ministério da Educação. A função dos CRI é de apoiar e intensificar a capacidade das escolas na promoção do sucesso educativo de todos/as os/as alunos/as; e de apoiar a inclusão de alunos/as com necessidades de mobilização de medidas adicionais de suporte à aprendizagem e inclusão. A actuação dos CRI’s, quer-se numa lógica de parceria pedagógica e de desenvolvimento com as escolas, bem como na prestação de serviços especializados em diferentes áreas, de forma a que todas as crianças possam desenvolver o seu potencial máximo, realizar aprendizagens importantes e significativas, valorizar as diferenças ao invés de se tornarem reféns delas.
O CRI da CERCIAG também nasceu em 2008 e tem estado a crescer. Cresceu na área geográfica em que actua, no número de crianças e jovens que apoia, nos serviços que disponibiliza, nos/as profissionais que dispõe e nas parcerias que estabelece. Nasceu em 2008 e, 5 vezes acreditado pelo Ministério da Educação, tem-se tornado cada vez mais robusto em termos de perfil e acção para as funções que desempenha. O caminho tem sido de construção permanente e em complementaridade com as Autarquias Locais, Comissões de Protecção de Crianças e Jovens, Agrupamentos de Escolas e Escolas não Agrupadas dos Concelhos de Águeda, Albergaria-a-Velha, Anadia, Oliveira do Bairro e Sever do Vouga; de protocolos de parceria de desenvolvimento com Estabelecimentos de Ensino Superior (Universidades de Aveiro e Coimbra, Institutos Politécnicos de Coimbra, Leiria e Porto) e com as Entidades Organizacionais e Empresariais locais, nomeadamente no apoio à implementação dos Planos Individuais de Transição dos/as alunos/as entre a escola e o momento da vida pós escolar.
Passaram 47 anos desde que a CERCIAG iniciou este percurso em direcção à inclusão, aqui vista como o direito de todos/as à participação activa, ao bem-estar e ao sentimento de pertença e de valorização. Ao direito e ao prazer de se ter diferenças. De não se ser igual e mesmo assim (ou sobretudo por isso!) ser capaz de dar, contribuir, acrescentar.
O caminho é longo e muito há ainda a percorrer. E quando deixar de haver estradas para andar, abriremos novos caminhos. A gente vai continuar.